Brasil aumenta em 29% importação do mundo árabe

Compras do País geraram receita de US$ 1,57 bilhão no acumulado deste ano até julho. Principal motivo foi crescimento dos embarques de petróleo e derivados.

Isaura Daniel
isaura.daniel@anba.com.br

São Paulo – O Brasil aumentou em 29% os gastos com produtos do mundo árabe em julho, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), compiladas pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A receita que os países árabes tiveram com vendas ao Brasil saiu de US$ 1,22 bilhão em julho de 2012 para US$ 1,57 bilhão no mesmo mês deste ano. O volume também cresceu no período, em 31%.

A expansão das vendas ocorreu em função do maior embarque de combustíveis minerais, onde o principal item é o petróleo. Os combustíveis responderam por 87,6% da pauta de exportação dos árabes ao Brasil, com US$ 1,38 bilhão. Houve aumento de 27% nos volumes exportados de combustíveis minerais e de 30% em receita, o que significa que o petróleo e seus derivados foram vendidos ao País com preços um pouco maiores do que julho de 2012.

A Arábia Saudita, maior fornecedora árabe do Brasil, não foi a responsável pelo avanço. As vendas dos sauditas ao País recuaram 1,5% de julho do ano passado sobre o último mês, para US$ 666,92 milhões. Já as exportações dos argelinos cresceram 36,49%, de US$ 267,9 milhões para US$ 365,6 milhões. Também o Iraque, que não havia feito vendas ao mercado brasileiro em julho de 2012, exportou US$ 124 milhões e ficou no terceiro lugar entre fornecedores árabes. O Kuwait avançou de US$ 5,5 milhões para US$ 109 milhões.

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a importação recuou 1,28% e ficou em US$ 7,2 bilhões. Neste caso também os combustíveis minerais foram responsáveis pela queda. Eles participaram com US$ 5,8 bilhões e a diminuição nas vendas foi de 8,16%.

Exportação menor

As exportações do Brasil para o mundo árabe caíram nos sete primeiros meses do ano e em julho individualmente. No acumulado, elas recuaram 3,46% e chegaram a US$ 7,6 bilhões. Nos mesmos meses de 2012 estavam em US$ 7,8 bilhões. Em julho a queda foi de 19%, de US$ 1,3 bilhão para US$ 1,05 bilhão. De acordo com o diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, o principal motivo para esse recuo no ano foi a carne. O produto foi vendido por preços 8,4% menores de janeiro a julho deste ano sobre igual período de 2012.

Na pauta em geral, porém, houve aumento dos preços médios dos itens embarcados, já que a queda no volume exportado foi ainda maior do que o da receita, de 6,15%. Em faturamento, nos primeiros sete meses do ano subiram as vendas de carnes, em 11,38%, as de animais vivos, em 104%, as do açúcar e produtos de confeitaria, em 1,15%, entre outros. Mas caíram as vendas de leite e laticínios, fumo, preparações de carne, minérios e cereais.

Alaby afirma que pode estar havendo troca de fornecedores, principalmente de grãos como soja e milho. O Brasil deveria aproveitar, no entanto, segundo Alaby, para exportar mais derivados de leite para o mundo árabe neste momento. A Nova Zelândia, um dos grandes fornecedores mundiais de leite, enfrenta problemas de mercado por causa da vende leite em pó contaminado com a bactéria que pode gerar botulismo para a China.

De acordo com o diretor geral, ainda há alguma chance de o Brasil vender mais para o mundo árabe até o final do ano, já que em cerca de dois meses ocorre a Hajj, peregrinação muçulmana que ocorre todos os anos na Arábia Saudita. Como neste evento religioso ocorre grande deslocamento de pessoas, há maior consumo de alimentos.

Financiamento à exportação diminui 18%

Agência Estado

O movimento de câmbio contratado de comércio exterior no primeiro trimestre deste ano teve queda no volume de financiamentos às exportações e um ligeiro aumento do saldo de importações em relação ao mesmo período de 2012. A persistente contração da economia da zona do euro e a falta de perspectiva de um crescimento sustentável nos Estados Unidos são apontados por especialistas do mercado como principais motivos para a redução dos empréstimos contratados para financiar as vendas de produtos brasileiros no mercado internacional.

Sem um crescimento consolidado no exterior, o exportador brasileiro não se sente seguro para ampliar o volume de empréstimos destinados a financiar suas vendas externas, disse um operador de tesouraria de um banco com forte atuação em comércio exterior. “Com o crescimento da China abaixo de dois dígitos, as inúmeras incertezas na zona do euro e o crescimento morno nos EUA, as vendas externas não deslancharam este ano, mesmo após a flexibilização de restrições do governo às exportação no fim de 2012”, afirmou.

Segundo o especialista, as regras para o financiamento à exportação eram mais rigorosas no começo do ano passado do que no início deste ano. A situação externa, porém, estava melhor do que agora. Nem mesmo o início dos embarques da safra agrícola em fevereiro foi suficiente para alterar esse quadro, completou o especialista.

De acordo com os dados de movimentação de câmbio contratado de comércio exterior, disponíveis no site do Banco Central, o total de exportações no primeiro trimestre deste ano foi 18% menor e somou US$ 49,887 bilhões. No primeiro trimestre de 2012, o financiamento total contratado para exportação foi de US$ 60,838 bilhões.

Entre as linhas de crédito acessadas pelos exportadores, as operações de Antecipação de Contrato de Câmbio (ACC) diminuíram 28%, para US$ 9,186 bilhões, no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, quando foram contratados US$ 12,762 bilhões. Já os empréstimos via Pagamento Antecipado (PA) totalizaram US$ 9,224 bilhões, uma queda de 21% em relação ao total contratado nos três primeiros meses do ano passado (de US$ 11,658 bilhões). Já as demais operações de financiamento às exportações somaram US$ 31,477 bilhões, equivalentes a um declínio de 13,57% ante o montante de US$ 36,418 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior.

Importações

Em relação às compras de empresas brasileiras no exterior, houve leve aumento no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado. O saldo de importações cresceu 2,02%, para US$ 51,935 bilhões, ante um saldo, no primeiro trimestre de 2012, de US$ 50,905 bilhões. A demanda interna por produtos e equipamentos no exterior só não foi maior porque o ritmo de crescimento do País ainda está lento e o maior volume de importações ocorre no quarto trimestre de cada ano, disse o operador de câmbio João Paulo de Gracia Correa, da Correparti Corretora.

A projeção do Banco Central é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do País poderá crescer 3,1% em 2013, ou seja, abaixo de 1% de expansão por trimestre. Segundo Corrêa, nos três últimos meses de cada ano, muitas empresas antecipam compras no exterior visando as festas de fim de ano e as férias de verão no Brasil.

Caos no Porto de Santos tende a se agravar, diz AEB

SÃO PAULO – O caos logístico observado nos arredores do Porto de Santos (SP) em meados de março, com o início dos embarques da safra recorde de soja, tende a se agravar entre maio e junho, na avaliação do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “O problema foi observado com o embarque da parcela menor da soja, imagina quando coincidir o restante da safra com as safras de açúcar e milho”, sugeriu, sinalizando que a dificuldade de março foi “virtual” e se transformará em “real” entre maio e junho.

De acordo com Castro, uma eventual queda das cotações das commodities e a manutenção dos atuais patamares de custo logístico farão com que o País perca competitividade. “Hoje, o cenário é cômodo, enquanto as cotações atuais estiverem elevadas, mas se voltarmos às condições de 2000, o País quebra”, disse, durante apresentação na conferência Infraportos, que se realiza paralelamente à feira Intermodal, em São Paulo. Ele lembrou que às cotações de soja, açúcar e minério dão sinais de terem entrado em viés de baixa. “A soja chegou a US$ 580-US$ 590 a tonelada, hoje está em US$ 530 e devem cair quando a começar a safra nos Estados Unidos”, disse. Castro também alertou que os custos logísticos elevados e a ineficiência operacional afastam o Brasil da globalização e inibem a atração de investimentos.

O diretor geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Pedro Brito, também avaliou que o País precisa melhorar a infraestrutura portuária para elevar os padrões de competitividade do País. Segundo Brito, um ambiente regulatório com regras claras e duradouras, além da redução da burocracia, são condições para a atração de investimentos.

“Leva-se 5,7 dias para liberar uma carga no Brasil, em relação a um dia em países mais avançados e dois nos países asiáticos. Isso não é condizente com o que queremos”, disse. “A fatura desse custo vai para a carga, o usuário, o exportador, o importador”, acrescentou. Ele defendeu o desenvolvimento de rotas alternativas de escoamento, mais baratas e “mais compatíveis” com a questão ambiental, por exemplo, usando os Portos Vila do Conde (PA) e Itaqui (MA) para o embarque de soja. Também salientou a necessidade de investimentos em armazenagem, uma vez que o país hoje tem capacidade para armazenar apenas 30% da safra anual. “Nos Estados Unidos, a capacidade é de dois anos de safra”, comparou.

fONTE: LUCIANA COLLET E WLADIMIR D’ANDRADE – Agencia Estado

Crise reduz movimento de cargas aéreas em Manaus

Com a exportação, a indústria local liderou a queda na movimentação

[ i ]A quantidade de cargas importadas desembarcadas ficou praticamente estável

Manaus – A movimentação de cargas pelo Terminal de Logística do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes apresentou queda em 2012. Os envios destinados à exportação do Polo Industrial de Manaus (PIM) foram os mais afetados, e retraíram 18,41%, na comparação com 2011.

De acordo com os dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) passaram pelo terminal 170.892 toneladas de carga, volume 6,71% menor que o do ano anterior.

Entre os envios e recebimentos domésticos, houve queda de 5,06% nos embarques e de 12,79% nos desembarques. Em 2012 foram descarregados 5,079 mil toneladas.

No embarque de produtos com destino ao exterior, o volume foi 18,41% menor em 2012, quando foram transportadas 316 toneladas.

De acordo com o coordenador do Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), José Machado Lima, a queda nas exportações ainda é reflexo da crise econômica mundial. “Na realidade, com a crise de 2008 houve uma desaceleração, cujo reflexo no Amazonas veio surgir a partir de 2011. São consequências da conjuntura do mundo, que afetaram e ainda afetam todo o País”, afirma.

O empresário observa que, com a atual situação política da Venezuela e a continuidade da crise em boa parte dos países europeus, será preciso expandir a negociação com investidores e novos mercados na Ásia e, principalmente, na América do Sul. “Diante da nossa realidade, será preciso alargar essas fronteiras do PIM”.

A quantidade de cargas importadas desembarcadas no terminal de Manaus também teve pequena retração no ano passado, de 0,29%.

Amcham e governo devem liderar missões à China

Agência Estado

Autoridades governamentais, associações e empresários especializados em comércio exterior estão preocupados com a retração das exportações de commodities para a China. Um termômetro desta preocupação são as iniciativas destes personagens em incentivar missões de empresários brasileiros à feiras de negócios na China. Entre outubro e novembro, duas missões deverão aterrissar em território chinês com o objetivo de apresentar soluções para otimizar e expandir negócios com a China e tentar não só reverter o quadro de retração das importações de commodities brasileiras pelo gigante asiático, como tentar prospectar mercado para outras categorias de produtos brasileiros na China.

 

Entre os dias 10 e 21 de outubro, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) levará um grupoempresários brasileiros para visitar feiras de negócios em três grandes cidades da China. Por enquanto já há 11 empresários confirmados na lista da Amcham. Em novembro, outra missão, desta vez chefiada pelo governo, provavelmente pelo ministro do Desenvolvimento (MDIC), Fernando Pimentel, deverá desembarcar em solo chinês com mais ou menos 30 empresários.

 

Segundo levantamento feito pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entre janeiro e agosto, mais de 70% das exportações brasileiras de soja foram para a China. Ainda segundo o estudo, um quinto das exportações de petróleo, valor equivalente a US$ 14 bilhões, e cerca da metade dos embarques de minério de ferro, no valor de US$ 20,5 bilhões, foram vendidos para os chineses.

 

“A Amcham tradicionalmente realiza missões com o objetivo de estimular investimentos e identificar oportunidades no mercado internacional, assim como promover o desenvolvimento de networking estratégico”, disse à Agência Estado a gerente de comércio exterior da Amcham-SP, Camila Moura. A missão da Ancham, de acordo com Camila, parte de três premissas empresariais: capacitação, geração de negócios e assessoria logística e operacional. Para atender a cada um desses aspectos, a organização da comitiva prevê agendamento de reuniões com potenciais fornecedores e parceiros.

 

“A viagem abre oportunidades para os mais variados setores, entre eles máquinas e equipamentos, computadores e tecnologia da informação, veículos e autopeças, produtos químicos e minerais, construção, eletrodomésticos, materiais elétricos e eletrônicos, e comunicação”, explicou a gerente de comércio exterior da Amcham.

 

De acordo com Camila, as missões são compostas por visitas técnicas a empresas e entidades, rodadas de negócios, seminários, palestras e workshops de setores importantes que atendam à demanda das empresas associadas, oferecendo novas oportunidades de negócio. “Além de missões para vários setores da economia aos Estados Unidos, a Amcham mais recentemente começou a realizar missões à América Latina e à China”, emenda a executiva.

 

A missão de outubro será a terceira consecutiva para a China. De acordo com Camila, as duas edições anteriores foram bem-sucedidas, em especial a de 2011, quando a delegação ao país se deu simultaneamente à visita da presidente Dilma Rousseff e participou de eventos com autoridades e empresários brasileiros e chineses. “Inclusive, para essa ocasião, a Amcham preparou e lançou uma edição especial da série How to Do Business and Invest in Brazil em mandarim, para atender à procura de informações por parte de empresários chineses com interesse em fazer negócios no Brasil”, explicou.

Câmbio e Reintegra permitem redução de preço de exportação

A manutenção do dólar no nível dos R$ 2,00 e as medidas do governo federal para baixar custos das indústrias possibilitaram aos exportadores brasileiros reduzir os preços dos manufaturados vendidos ao exterior.

Em agosto, levando em conta todas as exportações, houve queda de 9% nos preços médios dos embarques, na comparação com o mesmo mês de 2011. A redução de preços, porém, não está mais restrita aos produtos básicos, como anteriormente. Os manufaturados vendidos ao exterior ficaram, em média, 3,9% mais baratos em agosto. Os básicos tiveram redução de 12,1% e os semimanufaturados, de 10,7%. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e devem ser divulgados hoje.

Lia Valls, professora de economia da Fundação Getulio Vargas, diz que a redução dos preços de exportação ocorre em função da fraca demanda do comércio internacional, que ainda derruba os preços. É a desvalorização do câmbio e o efeito de medidas do governo de redução de custo de produção, porém, que têm permitido ao exportador fazer a redução do preço para continuar no mercado internacional, segundo economistas. “A desvalorização do real em relação ao ano passado tem permitido ao exportador baixar os preços e ter uma compensação via câmbio”, diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências.

A queda de preços dos manufaturados, acredita Rodrigo Branco, economista da Funcex, deve-se ao efeito das medidas do governo de estímulo à exportação. Para ele, a menor pressão de custos de produção permitiu ao exportador reduzir o preço para continuar exportando num ambiente internacional de baixa demanda.

Entre as medidas do governo federal nesse sentido estão a desoneração da folha de salários para alguns segmentos que trocaram a contribuição de 20% sobre folha pelo recolhimento de um percentual sobre o faturamento. A receita de exportação, porém, fica livre da nova tributação. Outro benefício é o Reintegra, que garante crédito tributário de 3% do valor exportado.

A redução de preços de exportação mais generalizada é um movimento recente. Em 2011, entre os 29 setores dos quais a Funcex analisa os dados, apenas um não aumentou o preço de exportação. Em 2012, de janeiro a julho, dez setores já reduziram seus preços. Na comparação entre agosto deste ano e agosto de 2011, 21 setores já estão com preços menores.

A redução de preços dos produtos embarcados é um sinal positivo porque indica que os exportadores estão sendo mais competitivos no mercado externo. De acordo com os dados da Funcex, os preços dos manufaturados exportados mudaram sua evolução a partir de junho. Nesse mês os preços de exportação dessa classe de produtos ficaram praticamente estáveis, com aumento de 0,6% em relação a junho de 2011. Em julho, já houve recuo de preços, de 3,3%. Em agosto a queda foi mais acentuada. No acumulado de janeiro a agosto, há ainda elevação de preço dos manufaturados, de 1,8%. Levando em conta o total de produtos exportados, o recuo de preço no acumulado foi de 2,9%.

Até o mês de julho, a redução de preços médios de exportação não retirou o ganho dos exportadores. Pelo contrário. De acordo com os dados da Funcex, em julho, quando as exportações brasileira ficaram, em média, 7,8% mais baratas que no mesmo mês do ano passado, a rentabilidade dos exportadores estava 11% mais alta. No acumulado de janeiro a julho o ganho de rentabilidade foi de 8,8%.

Julio Gomes de Almeida, professor da Universidade de Campinas (Unicamp), diz que o principal fator que possibilitou às empresas reduzir preço e serem um pouco mais competitivas no mercado externo foi o câmbio. Segundo ele, o efeito da desoneração está começando em alguns setores, principalmente naqueles em que o benefício veio primeiro, como vestuário e calçados. O Reintegra também começa a fazer diferença.

Entre os setores desonerados desde dezembro, o setor de couros e calçados ficou, em agosto contra agosto de 2011, com preços médios de exportação 10,5% menores. A queda foi maior que a redução média de 9% no preço do total das exportações. No mesmo período, vestuário e calçados exportados ficaram 8,5% mais baratos e os têxteis, 5,7%.

Somente no ano que vem, porém, diz Almeida, as medidas tributárias farão maior diferença. Juntamente com outras que deverão baixar o custo de produção, como a redução da tarifa de energia elétrica. E será possível, diz, saber se o conjunto de iniciativas são suficientes para fazer frente ao produto do exterior.

Por enquanto a redução de preços contribui para o exportador ser mais competitivo, diz Almeida. “Sem as novas condições o resultado poderia ser pior”, acredita. A desaceleração dos principais mercados, porém, continua pesando e impedindo elevação da quantidade exportada. Em agosto contra o mesmo mês de 2011 a queda foi de 6% e houve redução em todas as classes de produtos. A classe com maior redução foi a de semimanufaturados, com queda de 14,5%.

Fonte: Valor Econômico

Soja e petróleo ajudam a reduzir déficit com Ásia e EUA

A antecipação dos embarques de soja e o aumento na exportação de petróleo amenizaram o efeito da queda do preço do minério de ferro nas vendas brasileiras ao exterior e contribuíram para reduzir o déficit do Brasil na balança comercial com a Ásia e com os Estados Unidos no primeiro quadrimestre. Para esses destinos, o crescimento da exportação superou o da importação. Os mesmos fatores, porém, não impediram queda abrupta no saldo comercial com os países da zona do euro. Somados, União Europeia, Estados Unidos e Ásia representam 62,2% da exportação total brasileira.

O déficit do país com o bloco dos países asiáticos caiu de US$ 1,57 bilhão de janeiro a abril de 2011 para US$ 306,2 milhões em igual período deste ano. Com grande influência da exportação de petróleo, o saldo negativo com os americanos caiu de US$ 3 bilhões para US$ 1,55 bilhão na mesma comparação. O resultado com os EUA reflete, diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, a estratégia americana de reduzir a dependência do fornecimento de petróleo por países árabes. “Os americanos têm comprado maior valor e maior volume de petróleo do Brasil.”

Nas vendas para a União Europeia, porém, o aumento dos embarques de petróleo e de soja não foram suficientes para evitar uma queda significativa no superávit brasileiro. Puxado pelo minério de ferro, o Brasil teve superávit de US$ 2,4 bilhões com a UE no primeiro quadrimestre de 2011. No mesmo período deste ano o saldo caiu para US$ 193,9 milhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento (Mdic). A forte redução do superávit comercial com a região decorreu da queda de 1,3% na exportação brasileira para o bloco no quadrimestre, enquanto os desembarques subiram 28,9%.

A exportação para os europeus foi afetada principalmente pela queda no volume de exportação de minério de ferro. No acumulado até abril a quantidade que o Brasil exportou do metal, aglomerado ou não, para a região, caiu 5,5%. A redução de preço do minério no mercado internacional agravou a queda. A redução de valor exportado de minério foi de 20,1%. Também houve redução de outros itens importantes da pauta de exportação para os europeus, como café em grão e celulose.

A exportação de soja – incluindo bagaços do grão – e de petróleo ajudou a amenizar a queda no valor dos embarques à zona do euro, com crescimento de 81,5% e de 48,9%, respectivamente. “O desempenho desses dois produtos contribuiu para evitar um saldo negativo para o Brasil com a região” diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Também fez diferença um embarque extraordinário, de uma plataforma de petróleo para a Holanda, no valor de US$ 404,9 milhões.

A queda do déficit comercial brasileiro no comércio com os asiáticos foi resultado de um crescimento das exportações em ritmo maior que o das importações. Enquanto os embarques cresceram 13%, a importação teve alta de 5,9% no primeiro quadrimestre. O principal item da pauta de exportação brasileira aos chineses, o minério de ferro, teve queda de 17,9% no valor embarcado durante o primeiro quadrimestre. Houve, porém, elevação de 47% no embarque de soja, mesmo triturada, e de 77,2% no petróleo bruto.

Barral lembra que a pauta de exportação brasileira para os asiáticos e para a União Europeia tem diferenças importantes. “Para os europeus há exportação muito maior de manufaturados e de semimanufaturados, com a venda de alimentos processados, por exemplo.” Pelos dados do Mdic, a zona do euro compra cerca de 20% dos manufaturados brasileiros vendidos ao exterior. A Ásia, 8%.

Para Castro, não há grandes expectativas de melhora na exportação brasileira em 2012. “A queda do preço do minério de ferro tem forte impacto para o Brasil e a exportação de soja não deve ajudar tanto a balança no segundo semestre.” Ele explica que preços relativamente bons do grão provocaram antecipação dos embarques no primeiro trimestre do ano. Se houver manutenção do ritmo de exportação da soja, acredita Castro, o Brasil deve exportar até o fim de junho 25 milhões de toneladas do grão. A expectativa é de que os embarques somem perto de 31 milhões de toneladas em 2012.

Fabio Silveira, sócio da RC Consultores, tem opinião semelhante. Ele acredita que o Brasil terminará o ano com superávit comercial de US$ 20 bilhões, menor que os US$ 29,8 bilhões em 2011.

Para ele, o superávit comercial de 2012 virá principalmente de uma desaceleração das importações e não de elevação dos embarques. Os desembarques, diz, devem diminuir seguindo um ritmo menor do consumo doméstico.

Nem a tendência de desvalorização do real frente ao dólar das últimas semanas, acredita Silveira, vai mudar o quadro de forma significativa. “A demanda do mercado internacional já está definida e um câmbio melhor não mudará isso, apesar de aumentar a margem do exportador”, acrescenta.

Fonte:  Valor Econômico

Oriente Médio reduz importações de carne de frango brasileira

Autor: Scot Consultoria

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), compilados pela União Brasileira de Avicultura (UBABEF), houve redução nas exportações de frango para o Oriente Médio, no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2011.

O Oriente Médio, que é o principal cliente da carne de frango brasileira, importou nos primeiros três meses deste ano 315,9 mil toneladas do produto, queda de 12,7% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

Já a Ásia, segundo maior cliente, aumentou em 16,8% o volume embarcado no mesmo período.

Em terceiro e quarto lugar ficaram a África, a qual apresentou o maior crescimento do trimestre (40,8%), importando 158,7 mil toneladas, e a União Europeia, com o embarque de 112,5 mil t (queda de 2,0%).

A diminuição da importação por parte do Irã e o aumento das exportações para o Egito foram as principais influências do recuo dos embarques para o Oriente Médio e aumento para o continente africano.

Saiba quais são os maiores importadores da carne bovina brasileira

Quem opera com profissionalismo no mercado de carne bovina brasileiro sabe que as exportações já alguns anos são impactadas no volume embarcado ao exterior pela forte demanda de carne bovina doméstica, que compete diretamente com as necessidades do mercado externo. Outra situação amplamente divulgada na mídia é a questão da Rússia, que em meio a muito “teatro”, tenta desenhar um cenário longe da realidade.

No início do mês segundo informações geradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento do Brasil, o Rosselkhoznadzor, serviço sanitário russo, já avisou ao governo que a quantidade de frigoríficos brasileiros habilitados a exportar carnes para o país deverá diminuir. Mas o que está acontecendo de fato com as exportações dos frigoríficos brasileiros de carne bovina in natura, industrializada e miudezas?

Como esperado, os frigoríficos que exportam carne bovina a partir do Brasil registram diminuições neste início de ano, fortalecidas principalmente pelo alto consumo interno da mercadoria e os baixos estoques bovinos.

Mas no ranking de maiores importadores de carne bovina produzida no Brasil, a Rússia, segue como principal importador individual, com recuo de 13% em suas aquisições e participação de 23,3%. Mas, importante observar que em bloco os países que compraram menos de 5% dos embarques durante o primeiro trimestre são responsáveis por 33% das compras.

Durante este primeiro trimestre de 2012, os russos adquiriram cerca de 60,1 mil toneladas, no mesmo período do ano passado a Rússia comprava um volume de 69 mil/t.

O segundo maior comprador individual foi com 55 mil/t foi Hong Kong, unidade administrativa da China, que registrou no intervalo aumento revelando uma representatividade de 21,30% nos últimos 3 meses, de um total de envios ao exterior, feitos pelas indústrias brasileiras, de 258,1 mil/t.

Egito e Venezuela aparecem na sequência, com compras de 24,4 e 20,5 mil/t, respectivamente. Volumes que seguem subindo, diante do alto consumo mundial pela mercadoria.

Chile foi o país que mais aumentou suas aquisições em 2012, apresentando um volume de 12,8 mil/t no acumulado do ano, mostrando a maior participação dos chilenos, com 5% dos destinos brasileiros.

Os demais países participaram em 33% dos envios ao exterior e juntos são os maiores compradores da carne bovina exporta pelos frigoríficos brasileiros, alcançando um volume de 85,2 mil/ton que representa um forte recuo de 30%, já que os frigoríficos brasileiros sofrem e vão continuar sofrendo com o desequilíbrio entre a oferta baixa de gado gordo e demanda de carne bovina aquecida.

 

Fonte: Rural Business

Ucrânia puxa embarques brasileiros de carne suína

Impulsionadas por um “surpreendente” desempenho dos embarques para a Ucrânia, as exportações brasileiras de carne suína renderam US$ 121,01 milhões em março, crescimento de 3,02% sobre o mesmo período do ano passado, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Abipecs, entidade que representa os produtores e exportadores do setor. Em março, foram embarcadas 47,3 mil toneladas do produto, incremento de 6,93% sobre o mesmo mês de 2011.

Ucrânia puxa embarques brasileiros de carne suína

Principal destino – Principal destino das exportações brasileiras em março, os embarques para a Ucrânia saltaram 301%, para 11,9 mil toneladas, e renderam US$ 31,57 milhões, um crescimento de 255,7%. “A Ucrânia surpreendeu, comprando acima do que se esperava”, reconheceu Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs. “Mas [o crescimento] das exportações é resultado de sacrifício das empresas, que estão vendendo barato”, afirmou.

Dificuldades – Apesar do avanço dos embarques de carne suína, Camargo Neto ressaltou ainda que persistem as dificuldades impostas pela Rússia, que mantém o embargo a diversas unidades exportadoras de carne, e pela Argentina. “Embora tenha voltado a comprar de quatro estabelecimentos brasileiros, a Rússia continua com baixo desempenho nas nossas exportações: metade do que comprou no ano passado”, afirmou. “As restrições aos embarques para a Argentina continuam sem solução”.

Aquisições – No caso da Rússia, terceiro maior comprador de carne suína brasileira, as exportações somaram 8,2 mil toneladas e renderam US$ 25,83 milhões. Trata-se de uma queda de 47,97% em volume e de 46,89% em valor. Já os embarques para o país vizinho recuaram 87% em volume, para 427 toneladas, e 85,8% em valor, para US$ 1,32 milhão. No acumulado do ano, as exportações de carne suína do país também cresceram. Entre janeiro e março, foram embarcadas 122,2 mil toneladas, volume 3,45% superior ao primeiro trimestre do ano passado. Contudo, a receita avançou apenas 0,7%, para US$ 313,3 milhões, limitada pela retração de 2,6% no preço médio da mercadoria.

Retração de preços– A retração dos preços pagos pela carne suína no exterior, explica Camargo Neto, tem no mercado doméstico um dos principais fatores de pressão. Por causa do ritmo mais fraco da demanda interna, o preço do suíno vivo fechou o mês de março no menor patamar desde setembro de 2011, apontou boletim divulgado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em São Paulo, o indicador Cepea/Esalq para o suíno vivo recuou 20% em março, cotado, em média, a R$ 2,44 o quilo.

Queda maior– E o preço pago pelo suíno pode cair ainda mais, afirmou o presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster. Na avaliação dele, começo de ano é sempre um período mais difícil para os negócios por conta do verão, que faz com que o consumidor prefira outras carnes, mais leves. “Mas este início de ano está um pouco pior porque em março e neste começo de abril ainda há estoques de carnes de fim de ano no varejo”, afirmou.

Excesso de carnes– Para Lanznaster, há um excesso de carnes no mercado nacional, potencializado pelas vendas externas mais fracas em importantes mercados como os da Rússia e da Argentina.