Governo autoriza concessão de quatro novos terminais portuários

A Secretaria de Portos permitirá privatização de terminais em Niterói (RJ), Porto Belo (SC), Guarujá (SP) e São João da Barra (RJ), além de ampliação de terminal já existente em Santos (SP)

Navios aguardam carregamento de soja no porto de SantosNavios aguardam carregamento de soja no porto de Santos (Manoel Marques)

A Secretaria de Portos (SEP) autorizou nesta segunda-feira a concessão de cinco novos terminais para o setor privado nas cidades de Niterói (RJ), Porto Belo (SC), Guarujá (SP), São João da Barra (RJ), além da ampliação de um terminal já existente em Santos (SP). Trata-se dos primeiros terminais concedidos após a entrada em vigor do novo marco regulatório do setor portuário, sancionado em junho deste ano.

Ainda segundo a Secretaria, estão em análise na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) autorizações para terminais privados no Espírito Santo (Aracruz), Pará (Barbacena, Itaituba e Juriti), Amazonas (três terminais em Manaus), Bahia (dois em Ilhéus) e Rondônia (Porto Velho).

Todos os terminais serão de uso privado (TUP) e poderão movimentar carga geral, passageiros, graneis sólidos, granéis líquidos e carga geral conteineirizada. O governo estima que as obras atraiam investimentos de 6,4 bilhões de reais.

A SEP afirmou ainda que a atual concessão servirá como termômetro para avaliar o interesse do setor privado nos empreendimentos. E que, conforme investidores se manifestem de forma favorável às concessões, o fluxo de licitação será contínuo.

A nova legislação permite que os interessados em obter a autorização para instalação portuária fora da área do porto organizado (que é estatal) possam apresentar requerimento à Antaq a qualquer momento.

A estimativa do governo federal, considerando os atuais 59 empreendimentos em processo de autorização, é que exista um potencial de investimento do setor privado da ordem de 11,4 bilhões de reais. A SEP informou que 77 processos de autorização foram, inicialmente, anunciados. Contudo, 18 tiverem de ser cancelados por não haver condições de desenvolvimento dos projetos e adequação das empresas aos requisitos do governo.

Sepetiba Tecon suspende cobrança temporariamente

site dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro começou a tratar das omissões de portos em outubro de 2013 a pedido de diversos exportadores. Além de ser um problema do usuário, os sucessivos e programados cancelamentos de escalas vinham sendo usados pelos terminais Libra Rio e Sepetiba Tecon para justificar seus colapsos. No caso da Libra Rio, parece que a coisa foi administrada, embora ainda existam reclamações por falta de janelas e demora no posicionamento de containers. Todavia, no Sepetiba Tecon, parece que a eficiência não virá tão cedo. Mas, isso é tema para outro artigo que publicaremos em breve.

A situação de cancelamento de escalas, de forma programada e sucessiva, que deixa clara a preferência de alguns armadores por outros portos e o descaso com os usuários dos portos do Rio, além de todos os problemas que o site já tratou, causa ainda mais revolta aos exportadores quando o terminal portuário cobra deles despesas de armazenagem, transferência de embarques, pulagem de reefers e outras eventualmente geradas pelo fato de a carga não ter embarcado. Ou seja, despesas que não estavam previstas pelo exportador e que somente aconteceram, porque o navio não foi pegar a carga, na forma com a qual o armador pactuou com o exportador.

Muitos são os motivos alegados para as omissões de portos no Sepetiba Tecon. Em alguns casos os armadores, por exemplo, acusam o terminal pelo problema devido a demora de atracação. Já o terminal acusa os armadores. A realidade é que quando o tema é dinheiro e se tem uma perspectiva de prejuízos, cada qual “olhará para o próprio umbigo” e as tais parcerias, relações comerciais e cumplicidades escorrem esgoto abaixo. Independente de quem seja responsável pelas omissões de portos, armador ou terminal, de certo, nos termos do Art. 10 da Resolução Antaq 2.389 de 13 de fevereiro de 2012, fica claro que o exportador jamais poderia ser cobrado por tais despesas. O problema é que o Sepetiba Tecon estava cobrando os exportadores e isso está errado e desrespeita uma norma da Agencia Reguladora. Não cabe julgarmos se as cobranças ocorreram de forma intencional, ou se foi um equivoco. Isso é um problema da Antaq e da CDRJ. Faremos a denuncia e aguardaremos respostas.

Antes de publicarmos o artigo sobre a ilegalidade das cobranças contra os exportadores no dia 18 de novembro de 2013, enviamos mensagem para a diretoria do Sepetiba Tecon, vez que o foco da reclamações das cobranças era o terminal. Em 28 de novembro de 2013 nos reunimos com eles e tratamos também do tema. Em 29 de novembro enviamos mensagem solicitando uma posição do terminal acerca das cobranças. Em 02 de dezembro a diretoria do terminal informou que, momentaneamente, não estavam mais emitindo cobranças relacionadas a prestação de serviços efetivamente gerada contra a carga nos casos das omissões. Em 04 de dezembro enviamos mensagem questionando o que seria feito com as cobranças que já foram geradas, se seriam suspensas e também em relação às quantias eventualmente pagas, se seriam estornadas. Na mesma data a diretoria do terminal respondeu a nossa mensagem e reafirmou que as cobranças estavam suspensas. Nada mais do que já tinham informado.

Confirmamos com alguns exportadores e realmente o terminal não está mais enviando as cobranças adicionais pelas omissões de portos. Contudo, como ficou claro, ainda não responderam como tratarão as cobranças já emitidas e se estornarão as quantias eventualmente pagas. Assim, aconselhamos aos exportadores que estão com faturas não pagas em mãos que procurem o terminal e tratem do cancelamento. Já os exportadores que eventualmente pagaram tais despesas, deverão também procurar o terminal e requerer o estorno do pagamento. O mesmo aplica-se aos terminais Libra Rio e MultiRio, caso tenham cobrado tais despesas dos exportadores.

Afirmamos que o foco do pleito é o Art. 10 de Resolução Antaq 2.389/12 e que não existe possibilidade dos exportadores serem responsabilizados pelas omissões de portos. Aconselhamos, aos que não tiverem seus pleitos atendidos em um prazo razoável, que busquem as ouvidorias da Antq e da CDRJ e denunciem os casos. Ofereceremos ajuda aos que quiserem denunciar. Basta enviar mensagem para uprj@uprj.com.br.

Com crescimento de 157% nas exportações, Rio Grande do Sul ocupa segundo lugar no ranking brasileiro

As exportações do Rio Grande do Sul cresceram 157,1% em outubro em relação ao mês anterior. Em valores absolutos, o Estado exportou US$ 3,8 bilhões, cerca de US$ 2,3 bilhões a mais do que em setembro. Com isso, as vendas gaúchas para o Exterior representaram 16,72% do total brasileiro, ocupando o segundo lugar no país, atrás apenas de São Paulo, que teve participação de 22,4% nas vendas para o exterior.

Nos primeiros 10 meses de 2013, o Rio Grande do Sul acumulou US$ 21,3 bilhões em exportações, o maior valor do Brasil no período, o que representa um crescimento de 41,2% em relação ao mesmo período de 2012. O crescimento vai contra a tendência nacional, de recuo nas exportações – no mesmo período, o Brasil teve decréscimo de 0,9% no índice.

Com crescimento de 157% nas exportações, Rio Grande do Sul ocupa segundo lugar no ranking brasileiro Quip/Divulgação

Os principais produtos exportados pelo mercado gaúcho foram a soja e o milho. Cerca de 19,7% das exportações gaúchas no período foram de soja, o que representa um acréscimo de US$ 2,2 bilhões. O crescimento das vendas de milho para o exterior também foi importante. Nos primeiros 10 meses de 2013, 732% a mais de milho foram exportados do que no mesmo período do ano anterior.

A venda de duas plataformas de perfuração e exploração de petróleo entrou na conta e impulsionou o índice gaúcho. No período, isso representou um incremento de US$ 3,6 bilhões nas exportações gaúchas.

O principal destino das exportações gaúchas no período foram para a China, no valor de US$ 4,4 bilhões, o que representa 20,5% do total. Outros mercados que tiveram crescimento foram Holanda (US$ 1,9 bilhão a mais do que no ano passado) e Panamá,graças à exportação da plataforma P-63.

Por que as vendas de plataformas que não saem do país entra na conta de exportações?

As plataformas adquiridas pela Petrobras contam com regime aduaneiro especial – o Repetro –, que permite a importação de equipamentos sem a incidência dos tributos federais e do adicional de frete para renovação da marinha mercante. No caso das plataformas construídas no Brasil, ocorre uma exportação “ficta” – quando o equipamento não sai efetivamente do país, mas há só o registro contáil da operação –para uma subsidiária da Petrobras fora do país. Posteriormente, as plataformas retornam ao país como se estivessem sendo “alugadas” por uma empresa da Petrobras localizada no Brasil. O impacto aparece na balança comercial do Estado porque a plataforma é registrada como exportação, mas retorna ao país como “admissão temporáia de bens” e por isso não entra nas estatíticas de importação. Esse tipo de operação é legal e obedece às regras de uma instrução normativa da Receita Federal.

 

Movimentação do Porto de São Francisco do Sul deve crescer 15%

Movimentação do Porto de São Francisco do Sul deve crescer 15%Com investimento de R$ 30 milhões do PAC, a direção do Porto de São Francisco está voltada para a inauguração de um berço de atracação no fim de novembro. O novo berço, além de aumentar o volume de carga em cerca de 20%, permitirá uma organização melhor do porto, que passa a ter sete berços em 1,5 km de cais. Hoje o porto movimenta 12 milhões de toneladas anuais entre soja, milho, granéis de importação e produtos siderúrgicos.

O peso maior está na exportação: 70% são granéis. Como faz parte do complexo soja, complementa os portos de Paranaguá, Rio Grande e Santos. O movimento esperado para este ano representará crescimento de 15% em relação ao ano passado. Segundo o presidente da autarquia que administra o porto, Paulo César Corsi, a previsão é que a movimentação em 2014 chegue perto de 15 milhões de toneladas. Porém adequar a estrutura à demanda futura é uma de suas preocupações.

Ainda esse ano ele projeta colocar duas novas balanças rodoviárias, além disso, há ainda a implantação de leitores de caracteres nos gates com tecnologia OCR (acrônimo para Optical Character Recognition) que a partir de um banco de imagens lê as placas dos caminhões para agilizar processamento de entrada e saída. Ele comemora a finalização do projeto de modernização do sistema de informatização, incluindo aquisição de servidores de alta velocidade. O investimento de R$ 1,7 milhão será concluído no fim do ano.

 

Fonte: Guia Marítimo

Alfândega do Porto de Santos inaugura central de monitoramento com câmeras

A Alfândega do Porto de Santos inaugurou, nesta terça-feira (19), sua Central de Operações e Vigilância (COV), um espaço exclusivo para o monitoramento dos recintos alfandegados no porto do litoral paulista. O sistema faz parte do projeto da Receita Federal do Brasil, que já vem sendo desenvolvido desde 2004 e é parte de um grande programa de modernização da Aduana Brasileira. 

O COV é equipado com computadores e vídeos que permitem a visualização das imagens das câmeras e dos scanners de cargas à distância, bem como possibilita o acesso aos dados dos sistemas de controle das operações aduaneiras nesses recintos.

Além dos dados obtidos por meio dessas ferramentas tecnológicas, a fiscalização aduaneira tem dentro da COV a possibilidade de consultar todos os sistemas informatizados da própria Receita Federal e de efetuar a liberação ou o bloqueio das cargas de importação ou de exportação, sendo que, em algumas situações poderá, inclusive, desobrigar-se da presença física do servidor aduaneiro no local de depósito de carga.

Na região do Porto de Santos, para atendimento dessas exigências de uma maneira mais racional e econômica, algumas empresas se cotizaram através de um projeto operacionalizado pela Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra) viabilizando a transmissão para a COV, mediante a utilização em comum de equipamentos e sistemas capazes de concentrar e selecionar as informações, dados e imagens.

 

 

Presidente da Transpetro garante nacionalização de navios

O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, garante que o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) vai manter os índices de nacionalização acordados nos contratos com os estaleiros brasileiros. Pelas regras do Promef, esse índice deve ser de 65% na primeira fase e de 70% na segunda etapa do programa. Na prática, isso quer dizer que, a cada R$ 100 aportados na construção do navio, R$ 65 têm que ser gastos, obrigatoriamente, no Brasil. A discussão sobre o cumprimento do índice foi suscitada pela importação, da China, de parte do casco do quarto navio do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que atracou ontem no Porto de Suape. O descumprimento da meta coloca em xeque o renascimento da indústria naval verde-amarela, defendida a exaustão pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como oportunidade de geração de emprego, renda e capital tecnológico.Em entrevista concedida ao JC na tarde de ontem, Machado garantiu que os cinco navios do Promef entregues pelas empresas à Transpetro cumpriram o conteúdo nacional de 65%, mas não especificou o percentual de cada embarcação. “Os estaleiros têm liberdade para decidir que componentes vão importar, desde que não ultrapassem o limite de 35% de compras no exterior”, explica. O executivo afirma que, até agora, o EAS foi o único a optar pela importação de cascos, usados na construção do terceiro petroleiro (Dragão do Mar) e agora do quarto navio.

Fonte: Valor

Admissão de mercadorias da ZPE cresce 50%

Inaugurada oficialmente em agosto passado, a Zona de Processamento de Exportação do Pecém (ZPE Ceará) já ampliou em 50% a sua admissão de mercadorias e fechou o mês passando recebendo 70 mil metros cúbicos de equipamentos. Impulsionada pelas obras da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), a área alfandegada tem a expectativa, de acordo com sua diretoria, de chegar a 100 mil metros cúbicos/mês até o fim do ano.

Além da CSP, a Vale Pecém, que fornecerá minério de ferro para a siderúrgica, descarregou seus primeiros equipamentos no Porto do Pecém, que ainda serão levados para alfandegamento na ZPE Foto: Bruno Gomes

“Hoje, cerca de 30% das mercadorias da siderúrgica já foram recebidos pela CSP, mas a tendência é que, cada vez mais, a gente vá recebendo um volume maior de mercadorias. Nós já estamos nos organizando para isso e estamos tendo reuniões quinzenais com todos os órgãos e empresas envolvidas, como Cearáportos, a Receita, a Posco, etc, para que possamos dar agilidade a esse processo”, informou o diretor-presidente da ZPE Ceará, César Pinheiro. Além da CSP, ele acrescenta que Vale Pecém já descarregou seus primeiros equipamentos no Porto do Pecém, que ainda serão levados para alfandegamento na ZPE. A Vale Pecém, pertencente à mineradora brasileira Vale – e também sócia da CSP -, fornecerá minério de ferro para a siderúrgica.

Negociações

Pinheiro adianta ainda que a ZPE Ceará está em tratativas com outras empresas que deverão também se instalar na área para fornecerem à CSP. Como as negociações são iniciais e ainda não há nenhum contrato formalizado, ele disse não poder informar o nome das empresas.

“Nós temos a preocupação em só aprovar os projetos quando eles estiverem bem estruturados, já com condições de iniciar, porque, como a aprovação tem um prazo de dois anos para que a empresa comece a executar as suas obras, ela pode caducar se for feita com muita antecedência”, explica.

No momento, a administradora da zona está conversando com os investidores para tratar de questões relacionadas à logística e de possíveis localizações dos empreendimentos dentro do terreno. Estas informações irão balizar, ainda, a confecção dos projetos industriais que serão elaborados e levados à aprovação na ZPE Ceará e no Conselho Nacional das ZPEs (CZPE).

Outro empreendimento, o da Durametal, também passará por validação nesse conselho. O projeto, que prevê a produção de peças automotivas e peças fundidas para geradores de energia eólica, já foi aprovado pelo Estado, e envolverá recursos de R$ 141,1 milhões.

Fórum

A ZPE Ceará será a experiência modelo a ser apresentada durante o III Fórum Brasileiro de ZPEs, que ocorrerá no Ceará, no próximo dia 22 de novembro. Realizado a cada dois anos pela Associação Brasileira de ZPEs (Abrazpe), o evento ocorrerá no auditório da Cearáportos, em São Gonçalo do Amarante, e terá como tema “O aperfeiçoamento do marco regulatório e a efetiva implantação das ZPEs brasileiras”. “É muito significativo que o fórum ocorra aqui, pelo momento que estamos vivendo na ZPE Ceará, que é a primeira em operação do Brasil”, destaca o diretor-presidente da ZPE Ceará.

De acordo com o presidente da Abrazpe, Helson Braga, o fórum irá discutir os procedimentos, problemas e soluções vivenciados no processo de implantação das ZPEs brasileiras.

O diretor-presidente ressaltou ainda que “as ZPEs constituem um dos mais importantes programas de desenvolvimento atualmente em implantação no País. Duas ZPEs já foram alfandegadas pela Receita Federal – as de Senador Guiomard/AC e do Pecém/CE – e a perspectiva é de que várias outras alcancem este estágio, ao longo do próximo ano. A complexidade dos procedimentos requeridos para colocar uma ZPE em funcionamento – até pelo fato de que se trata de um assunto novo entre nós – recomenda uma ampla discussão e troca de experiências com aquelas que mais avançaram nesse processo”, avalia Braga.

(Fonte: Diário do Nordeste (CE)/SÉRGIO DE SOUSA

CEVA Logistics fará transporte marítimo de equipamentos

A CEVA Logistics, anunciou o projeto de transporte marítimo com a Petrobras, empresa brasileira integrada de petróleo e gás. O contrato inclui embarques mensais de cargas de grandes dimensões por transporte marítimo do porto de Tilbury, no Reino Unido, para o porto do Rio de Janeiro, no Brasil. A carga será transportada em navio de cargas de projetos especiais, cujo cronograma de viagem regular é pontual e otimizará o planejamento da Petrobras para instalação dos equipamentos. Com previsão de término em dezembro de 2014, o projeto será gerenciado pela equipe da CEVA dedicada à Petrobras.

Segundo o diretor de Energia e do Setor Industrial da CEVA para a América Latina, Eduardo Carlini, a empresa detém contrato de agenciamento de transporte internacional de cargas com a Unidade de Serviços de Contratação da Diretoria de Exploração e Produção da Petrobras há 4 anos.

 

Fonte: Guia Marítimo

Crescimento global lento prejudica portos na América Latina

Portos brasileiros sofrem altos custos devido à falta de concorrência, e as linhas de navegação enfrentam atrasos por congestionamentos e burocracia
por Economist Intelligence Unit

Os portos da região sofreram uma desaceleração da atividade no primeiro semestre de 2013, segundo um relatório recém-divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da ONU. Isto pode ser atribuído à economia global letárgica e à falta de dinamismo das exportações da região, assim como à fraca infraestrutura e às restrições burocráticas em alguns portos.

A atividade portuária latino-americana cresceu 2% em janeiro-junho em relação ao mesmo período do ano passado, o menor índice de crescimento desde 2009, quando o comércio global e a navegação foram atingidos pela crise financeira mundial desencadeada pelo colapso do banco de investimentos Lehman Brothers. Em contraste com os últimos dados, a atividade portuária apresentou altos índices de crescimento, de 16% e 11%, no primeiro semestre de 2011 e 2012, respectivamente. Isto refletiu em parte uma recuperação da crise global.

A atividade nos 20 maiores portos de contêineres na América Latina e no Caribe – que representam 74% do movimento portuário da região – caiu 0,1% no primeiro semestre de 2013 em relação ao ano anterior, segundo a Cepal. O complexo de Colón, no Panamá, que inclui os portos de Manzanillo International Terminal (MIT), Cristobal e Colón Container Terminal, manteve a liderança em termos de atividade, apesar de apresentar um declínio de 5,3%. No Caribe, a maioria dos terminais, notadamente os que operam no Panamá e na Colômbia, foram duramente atingidos pela queda na demanda de importações da Venezuela, devido à falta de divisas.

No entanto, alguns portos tiveram desempenho relativamente bom, em parte como resultado de sua infraestrutura acima da média. Esse foi o caso de Manzanillo no México (alta de 10% em janeiro e junho) e San Antonio no Chile (10%). O porto do brasileiro de Santos registrou crescimento de 7% e Buenos Aires de 10,8%, o que é um tanto surpreendente, diante das repetidas disputas setoriais em ambos os portos, mas o desempenho reflete principalmente as exportações de suas colheitas agrícolas recordes.

CAF pede duplicação do investimento em portos

Em outubro passado, a Corporação Andina de Fomento (CAF) apresentou relatório na cúpula ibero-americana de chefes de Estado e de governo no Panamá sobre Infraestrutura para o Desenvolvimento Integral Latino-americano (IDeAL 2013), no qual a CAF pediu para que os governos latino-americanos dobrem os investimentos em infraestrutura portuária em seus países.

O relatório da IDeAL, além de uma análise da infraestrutura atual, recomenda que os países devem rever suas ambições logísticas estratégicas, pois a expansão do Canal do Panamá vai gerar novas oportunidades de negócios para muitos países: projetos de valor agregado interfronteiras em novos parques logísticos perto dos portos latino-americanos.

Reformas dos portos no Brasil

Alguns países estão se mexendo para abordar essas questões. O Congresso brasileiro aprovou em maio uma lei de reforma dos portos que vai abrir a porta para o capital privado e reforçar o investimento em portos em até 27 bilhões de dólares em médio prazo. Os portos brasileiros sofrem altos custos devido à falta de concorrência, e as linhas de navegação muitas vezes enfrentam atrasos causados por congestionamentos e burocracia. A reforma recente autoriza terminais privados a operar cargas de terceiros. Também o critério para a concessão de portos no futuro será baseado nos candidatos que oferecerem as menores tarifas, e não os pagamentos mais altos ao governo, cujo custo é passado aos consumidores, aumentando o preço da movimentação da carga. O governo também pensa em oferecer às empresas que detêm concessões obtidas depois de 1993 a oportunidade de renová-las em troca de compromissos de investimento. Muitas destas envolvem terminais de contêineres. A chave do sucesso é a rápida implementação das reformas, pois novos projetos de construção podem levar até quatro a cinco anos.

As primeiras licitações para concessões nos portos do Brasil deverão começar no final de novembro, e o governo espera cerca de 3 bilhões de reais, com 1,6 bilhão de reais em investimentos em 20 instalações no estado do Pará e 1,4 bilhão em investimentos em 11 instalações em Santos, para expandir as operações para contêineres, assim como para carga seca e líquida. Novos investimentos visam aumentar a capacidade de carga dos portos em 48 milhões de toneladas anualmente.

Enquanto isso, o Brasil Terminal Portuário (BTP) – uma joint-venture entre duas firmas baseadas nos Países Baixos, APM Terminals e Terminal Investment Limited (TIL) – que é o mais novo terminal no porto de Santos, iniciou operações em agosto deste ano e fornecerá uma capacidade anual de operação de 1,2 milhão de TEUs [contêineres] e 1,4 milhão de toneladas de carga líquida, representando um investimento geral de 1 bilhão de dólares. O porto de Santos é o segundo mais movimentado de contêineres na América do Sul, lidando com cerca de 3 milhões de TEUs, o que representa 25% do comércio exterior do Brasil.

Segundo o diretor regional para América Latina e Caribe da Maersk Line (Dinamarca), Robbert Jan van Trooijen, o mercado latino-americano ainda está desempenhando acima da média em termos de crescimento de remessas no contexto global. A região ainda importa mais que exporta, e o mercado de contêineres cresce mais que em outros lugares.

Portos competem por posição de polo regional com a expansão do Canal do Panamá

Em todo o Caribe e a América do Sul os portos estão construindo e expandido suas instalações, em uma aposta para captar o aumento de negócios esperado com a abertura do Canal de Panamá ampliado em 2015. Barranquilla e Cartagena na Colômbia, Suape e Santos no Brasil, Valparaíso no Chile e portos mexicanos na costa do Golfo e do Caribe estão trabalhando para melhorar o acesso aos portos. Na Costa Rica, a APM Terminals começará a construção de um terminal de contêineres ao custo de 1 bilhão de dólares no início de 2014.

Embora a maioria dos terminais pretendam se tornar polos de transcarga, nem todos terão sucesso. É provável, entretanto, que com navios cada vez maiores operando na região mais linhas de “feeder” [navios autodescarregadores] serão utilizadas para movimentar a carga de contêineres nos portos sem capacidade para receber os navios pós-Panmax esperados depois da abertura do Canal do Panamá ampliado.

 

Casa Civil defende planejamento portuário

A Lei dos Portos leva a um debate ideológico. O governo defende o planejamento federal, enquanto particulares atacam a centralização de decisões em Brasília e, principalmente, o fim do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), no qual empresários tinham força nas deliberações dos portos. Essa diferença de pensamento ficou clara nesta terça-feira, no Rio, durante os debates da terceira conferência anual Port Finance International, entidade inglesa que esteve representada pelos diretores Cathy Hodge e Patrick Schweitezer.

Luis Felipe Valerim Pinheiro, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, e Fernando Fonseca, diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) disseram que, antes da nova lei – a 12.815/13 – as decisões locais distorciam o planejamento central. “Haverá mais eficiência com a adequação dos portos ao planejamento logístico estatal”, disse Valerim Pinheiro, que disse esperar também redução de preços nos portos, graças a “choque de oferta”, propiciado por novos terminais. Fonseca, da Antaq, criticou o “planejamento fatiado, sem sinergia”, de antes e até lembrou que o planejamento geral acabou junto com a Portobrás, na década de 90.

Pelo setor privado, o especialista Sérgio Aquino, da SPA Consult, foi conciso, ao dizer que o modelo brasileiro é único no mundo: “Em toda parte, da Ásia à Europa, as decisões são transferidas a estados e municípios. Aqui, tudo passou para Brasília. O Brasil está na contramão do mundo”. Acentuou que a nova lei ampliou a burocracia e não melhorou a gestão do setor. Lembrou que, ao deixar o governo, no dia 5 de outubro último, o então titular da Secretaria Especial de Portos (SEP), Leônidas Cristino, não havia aplicado sequer um centavo do orçamento de 2013, tendo liberado apenas restos de 2012. Segundo Aquino, nos últimos dez anos, os portos quadruplicaram seu movimento e, portanto, não havia problema com portos, mas com armazenagem e logística.

Nélson Carlini, da Consultoria Log Z, disse que a regulamentação da nova Lei dos Portos ajudou a criar um cipoal burocrático. Criticou o excesso de garantias pedidas dos empreendedores e a limitação de que um empresário, em sua própria área, não possa expandir seu porto em mais de 25%, mesmo que possua terreno muito maior. Carlini sintetizou sua posição: “Queremos regras claras, pouco intervencionistas”.

Sepetiba cresce

Marcelo Procópio, diretor comercial do Sepetiba Tecon, prevê que, este ano, o terminal aumente em cerca de 25% em sua movimentação e, para 2014, as perspectivas são boas graças à extensão do cais em 270 metros. Em 2012 o terminal operou 329 mil TEUs (contêineres de 20 pés ou equivalente) e este ano deverá chegar a 370 mil TEU.

Com recursos próprios, a empresa – do grupo CSN – investiu, nos últimos 12 meses, cerca de R$ 200 milhões em obras civis diversas e equipamentos. Até o fim do ano chegarão da China quatro RTGs (transtêineres – guindastes de pórtico sobre pneus) e dois portêineres de última geração.

Completam as compras um scanner e quatro balanças rodoviárias, além do aluguel de quatro reachstackers (empilhadeiras especializadas na movimentação de contêineres) e seis grupos-geradores (power packs).

Em relação ao cais, o Sepetiba Tecon irá dispor de 810 metros lineares, permitindo a atracação de dois porta-contêineres e um terceiro navio de menor porte. Todo o cais estará servido por trilhos para uso dos portêineres. O novo cais será inaugurado no fim deste mês de novembro.

O Sepetiba Tecon deve se beneficiar do aumento de porte dos navios em todo o mundo. Nos últimos dias, escalou o terminal, localizado em Itaguaí, no Sul Fluminense, o navio Hugo, da CMA-CGM, com capacidade para 8.500 contêineres. Também a inauguração do Arco Rodoviário, que ligará a Via Dutra à Rio–Juiz de Fora, já no início de 2014 e, posteriormente, à região do pólo da Petrobras (Comperj), em Itaborái, facilitará o acesso ao Sepetiba Tecon.

Comenta Procópio que ao longo de 2013 houve por um lado aumento do tamanho dos navios, e por outro, uma demora não esperada na entrada em operação dos terminais BTP e Embraport em Santos, gerando uma concentração de operações e eventuais esperas em outros terminais de Santos, causando cancelamentos de navios em outros portos – as chamadas “omissões” – com prejuízos a todos os envolvidos – inclusive aos próprios armadores.

Salienta Procópio que muitas críticas foram excessivas, pois, quando os prazos se tornam exíguos, os armadores dão preferência por Santos, maior porto brasileiro de contêineres e onde movimenta-se número mais elevado de unidades. Esses problemas foram potencializados por fatores fora do controle, como a cheia do Rio Itajaí-Açu, prejudicando os terminais de Itajaí e Navegantes, no Sul, e o incêndio do terminal de fertilizantes em São Francisco do Sul, fechando os portos de São Francisco e Itapoá por alguns dias pela nuvem tóxica resultante.

Campos e a velha política

No programa de Jô Soares, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) em momento algum se mostrou um representante de uma “nova política”, como prega sua aliada Marina Silva. Pelo menos em três ocasiões Campos nada ficou a dever a velhos caciques da política antiga, como José Sarney ou Renan Calheiros.

Defendeu o fim de cargos vitalícios no judiciário, mas sua mãe, Ana Arraes, foi nomeada para o Tribunal de Contas da União (TCU) – por injunções políticas, pois não é cargo técnico – por gestões de bastidores. E esse cargo, destinado apenas a privilegiados, é vitalício.

Criticou Dilma Rousseff por contar com 40 ministérios, mas, proporcionalmente, os 27 secretários de Campos representam maior anomalia, tendo em vista as limitações na representatividade de Pernambuco em comparação com a expressividade do Brasil.

Por fim, fez enormes elogios ao agronegócio, mas as torcidas de Flamengo e Corinthians sabem que Marina tem amplas restrições aos dogmas do agronegócio, que são: exploração de grandes extensões de terra; uso intensivo da mecanização; aceitação plena de agrotóxicos e de transgênicos. Campos louvou o agribusiness, mas não explicou como, em um possível governo Campos–Marina, iria conciliar divergências.

Voto aberto

O Senado deve votar nesta quarta-feira, projeto que consagra o voto aberto. A opinião pública pressiona nesse sentido, por achar que, no sistema aberto, o eleitor pode acompanhar a maneira de agir do parlamentar que elegeu.

No entanto, o voto secreto tem seus méritos. Já imaginaram se, um dia, um presidente que controle 90% do Congresso queira nomear um jardineiro, barbeiro ou copeira para um importante ministério ou para uma embaixada em Londres ou Washington? Com o voto secreto, o parlamento poderia se insurgir a essa sandice, mas, através do voto franco, muitos deputados e senadores não iria querer se confrontar com o Poder Executivo.

Rápidas

A Federação do Comércio (Fecomércio-RJ) promove, nesta quarta-feira, em sua sede, na Zona Sul carioca, seminário petroquímico, com a participação do secretário de Desenvolvimento, Júlio Bueno *** Nesta quarta, na sede da Associação Comercial, no Centro do Rio, o governo fluminense lança seu Plano Estratégico de Logística e Cargas *** O grupo Aliansce teria interesse em ficar com o terreno do parque Terra Encantada – que está sem uso – para expansão do shopping Via Parque, na Zona Oeste do Rio *** A terça-feira foi de bolsa em queda e dólar comercial em alta; as casas de câmbio venderam o dólar paralelo, nesta terça-feira, no Rio, nunca por menos de R$ 2,45.