Fatia de importados na indústria é recorde

DESNACIONALIZAÇÃO AVANÇA HÁ 13 MESES E CNI APOSTA EM QUEDA DO REAL

 

A participação dos bens importados na indústria brasileira bateu novo recorde, nos 12 meses até junho: 21,1%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O dado confirma a crescente desnacionalização da indústria do país, provocado pelo modelo baseado em câmbio valorizado, juros altos e abertura comercial.

 

Na comparação entre o primeiro e segundo trimestres, houve aumento de 0,1 ponto percentual, mantendo a trajetória de alta há 13 trimestres, como mostra o levantamento Coeficientes de Abertura Comercial.

 

Elaborado em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), o estudo aponta para o crescimento do coeficiente de penetração das importações em 12 setores da indús-tria de transformação, com destaque negativo para os segmentos farmacêutico, químico, de informática, eletrônico e óptico.

 

A CNI acrescentou que a valorização do câmbio nos últimos meses “amenizou o ímpeto importador”. “Mas o contínuo aumento do coeficiente de importação reflete a perda da competitividade da indústria nacional frente a seu concorrente estrangeiro”, acrescenta.

 

Para a CNI, a alta do câmbio poderá reduzir as importações nos próximos meses, o que favoreceria a recuperação da produção industrial interna e inverteria essa tendência.

 

A CNI destacou que, além do aumento das importações no consumo doméstico de bens industriais, a fatia das exportações no faturamento das empresas caiu.

 

“O coeficiente de exportação registrou 19,2% no segundo trimestre, queda de 0,3 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre deste ano. Essa é a segunda queda consecutiva. A fraca demanda externa pelas manufaturas brasileiras e a queda dos preços internacionais explicam a perda no coeficiente de exportação no segundo trimestre”, registrou a confederação.